Sucesso de público e crítica — recebeu os prêmios Méditerranée e Goncourt de romance de estréia —, O ABISSÍNIO, de Jean-Christophe Rufin, permaneceu por vários meses nas listas de mais vendidos na França. E não foi à toa. O livro é uma parábola sobre a raiva do fanatismo, a força da liberdade e a possibilidade da felicidade. É o primeiro romance de Rufin, um médico e viajante francês que foi vice-presidente da organização não-governamental Médicos Sem Fronteiras — ganhadora do Prêmio Nobel da Paz em 1999.
No final do século XVI, o Rei Sol, Luís XIV, decide se aproveitar da doença do soberano da Abissínia para tentar atrair o país para a esfera de influência política e religiosa da França. Para tanto, o governo francês se utiliza dos conhecimentos de Jean-Baptiste Poncet, um boticário que exerce ilegalmente a medicina tratando dos paxás do Cairo.
Poncet é encarregado pelo embaixador francês Maillet de levar ao soberano abissínio a cura para seus males, além de "ungüentos" para os problemas de seu país e da sua cultura, num oferecimento do Rei-Sol. No entanto, o boticário só aceita a missão com uma condição: se ele obtiver sucesso em sua empreitada, o embaixador Maillet lhe concederia a mão de sua filha, por quem se apaixonara.
No entanto, durante seu retorno a Paris com a caravana abarrotada de presentes de agradecimento, Poncet faz uma reflexão sobre as conseqüências que a aproximação entre a Europa e a Abissínia poderá provocar. O ABISSÍNIO é um livro que leva o leitor a pensar no que o Ocidente poderia ter representado se tivesse abordado outros continentes sem a intenção de conquistá-los.