O trágico não pertence à modernidade, não porque seja arcaico, mas porque compreende o mundo de forma diferente. Mais propriamente, o trágico seria antimoderno. Um futuro melhor do que o presente e o passado, um otimismo humanista e uma crença cega na razão não se sustentam sob uma análise trágica. Com muita perspicácia e sensibilidade, o pesquisador Claércio Ivan Schneider foi capaz de salientar essas características nos textos de Machado de Assis. Munido de um refinado instrumental historiográfico, analisou as crônicas machadianas publicadas na Gazeta de Notícias a partir de 1888. O olhar trágico de Machado volta-se para o cotidiano e sua narrativa jornalística posiciona-se na contramão do progresso e dos discursos políticos que se apoiavam nesse ideário. (Hélio Sochodolak)
Crônicas / História / História do Brasil