O chão dos pardais

Afonso é um homem poderoso. Inatingível. A não ser pelos anos, que passam e o envelhecem quase como a outro qualquer. Há muito que só encontra a juventude nos corpos das amantes. Como o de Sofia, prostituta de luxo, que o odeia. Está apaixonada pelo noivo Júlio e irão se casar.

Alice, a mulher de Afonso, se empenha em lhe dar um presente e um festa perfeitos.

Os filhos cresceram e partiram, sem partir. A filha, Clara, traduz livros inúteis e apaixona-se por Elisaveta, a empregada de sua mãe. O filho, Manuel, é um cirurgião plástico à espera de ser julgado por negligência e entregue ao amor adiado por uma mulher que mora num deserto com quem se encontra num bate papo pela internet.

A família é uma casa em ruínas. Mas tudo está perfeito na festa dos sessenta anos de Afonso.

Antes e depois dessa festa, antes e depois da tragédia que a estraga, o romance dá conta das forças que atiram umas personagens contra outras. Seja para se amarem ou para se odiarem.

E, vertical, por entre todas as forças, a força da gravidade que estatela no chão os corpos que caem.

Mesmo assim, parece simples ser feliz.