Na cidade de Frankfurt/Main, durante vários meses dos anos de 1964 e 1965, foi instaurado um processo que julgou os culpados do massacre de Auschwitz. Peter Weiss assistiu a esse processo como observador anônimo. Logo após, no mesmo ano de 65, escreveu "O Interrogatório" sem levar em conta as opiniões dos que pretendiam esquecer a "vergonha nacional", e opondo-se àqueles que preferem ficar alheios ao tema da destruição total da dignidade humana.
Pesquisando as atas do processo, o autor levantou dados concicos e recolheu inúmeras declarações de acusados, testemunhas, juiz, promotor e advogados de defesa; aproveitou muitas destas declarações quase ao pé da letra, da maneira como foram ditas, com a mesma linguagem.
Assim, "O Interrogatório" revela de maneira extremamente objetiva as incríveis possibilidades dramáticas da História. Esta obra vai muito além de uma denúncia contra o nazismo: compromete toda a sociedade que permitiu e continua a permitir a sobrevivência do crime e da destruição em massa. Aqui o autor desaparece e os próprios argumentos depõem para o leitor-espectador.