A ideia deste livro nasceu de um livro igual francês chamado "Les Poetes de la Courtisane", com obras de grandes poetas que desfolham sobre a vida da cortesã as flores singulares. A figura da cortesã acompanha a historia da humanidade, quer tenha inspirado os crimes do
Marquês de Sade ou tenha sido Imperatriz, ou Lucrécia Borgia, Leonor Telles ou a Calcanhares, aquela Maria Negra, a Maria do Grave e a Luzia Sanches ou as mencionadas nos versos eróticos de Bocage... quanto não deve a Humanidade e a Civilização às cortesãs?
Entre nós o léxico tem multidão de palavras para a designar. O filósofo dizia ao imperador Adriano que a mulher é "malum necessarium", e o nosso D. Duarte chamou-lhe "vaso de demônio". Se a cortesã foi o gênio, a graça, o espírito, a beleza, foi também a inspiradora na Arte de todas as Vênus maravilhosas dos escultores; de todas as Vênus e Salomés que da paleta mágica dos grandes gênios da pintura saíram. Na literatura, gregos e romanos a elas referiram-se largamente. Heródoto já a canta nas suas páginas, Plutarco não a esquece na "Vida dos varões ilustres". Ainda hoje, escritores do nosso tempo
se comprazem com volúpia em evocar as hetairas e a devassidão dos velhos séculos; de alguma maneira a fazem
perpassar nas suas paginas, elevando- a ou flagelando-lhe o nome, mas todas lhe devem o melhor dos seus descritivos e o mais enternecido dos seus períodos.