Dentre os tópicos borgianos, o livro de areia privilegia a memória da palavra escrita. O conjunto pode ser lido como a vontade de se converter em contos os impossíveis, materializando certa quantidade de utopias pessoais. Porque o espaço literário concretiza o virtual, há uma volta para trás em direção aos velhos temas e as épocas passadas. O narrador memorioso pode encontrar ali, nesses tempos e espaços recuperados pela escritura, o jovem Borges; pode também recordar uma paixão juvenil e efêmera, presenciar a morte do legendária Moreira, imiscuir-se nos bastidores de uma loja clandestina, desvelar a palavra primordial, achar um mundo utópico pleno porque é o reino das abolições e fazer-se possuidor de um livro sem princípio nem fim, eternamente mutante.
Literatura Estrangeira / Contos / Ficção