Se a necessidade de comunicar-se é inerente ao ser humano – e ele tenta fazê-lo das mais diferentes formas –, essa necessidade não deveria excluir nem sujeitos, nem temáticas que animam, mais do que a própria relação comunicacional, o diálogo político, o diálogo do ser que vive na/a pólis. Afinal, para que se expressar se alguns (quiçá, muitos) dos sentidos e dos afetos do viver-com-o-outro e do viver consigo-mesmo são “varridos para debaixo do tapete”? E pensando especificamente na literatura, como é possível (ainda) considerá-la como um lugar paradisíaco, espécie de recanto de descanso das dores de/do ser humano e não um/o lugar crítico por excelência, no qual a ética se instaura pari passu com a estética? O texto literário é um/o espaço privilegiado para embates/debates/combates cujas temáticas expõem o/ao leitor a perversão, a abjeção e a animalidade, despertando, por vezes, celeumas repletas de animosidade. Ainda que haja pesquisas no País com foco temático semelhante ao do projeto Historiografia e Cânone: o perverso, o abjeto, a animal, coordenado por nós junto à FUNDECT BREVE APRESENTAÇÃO (TALVEZ ABJETA) e com sua subvenção financeira – o que propiciou a publicação deste volume –, o projeto lançou mão de uma série de referências e de textos literários que, além de não estarem inscritos na proposta inicial, não são comumente lidos e utilizados no nicho do que chamaremos, lato sensu, de “literatura de horror”. O artigo de Wellington Furtado Ramos, por exemplo, explana com objetividade duas das categorias trabalhadas ao longo da pesquisa: a perversão e a abjeção, com base na etimologia de ambas as expressões, contando ainda com aporte teórico nas proposições de Freud.
Não-ficção