Experimentamos o mal e o sofrimento tanto durante a paz como durante a guerra. Podemos considerar a ambos como inseparáveis de nossa humana condição. São marcas de nossa miséria e explicam bem o longo gemido que a consciência não cessou de fazer ouvir ao longo das eras, e que por vezes se considera a única voz que lhe é natural. De fato, a consciência nunca é mais aguda do que quando sofre:o prazer a dissipa e entorpece. O sofrimento é o aguilhão que a desperta, que estimula seu ponto mais sensível. Ao mesmo tempo, porém, o sofrimento é a primeira revelação do Mal; o Mal nunca está isento de relação com o sofrimento. É seu princípio: o mal que faço é antes de tudo um sofrimento que imponho ao outro; sendo assim, só me proporciona uma satisfação amarga. Isso porque o Mal, cujo rastro é o sofrimento, é a vida que volta contra si mesma a própria potência de que dispõe; é a vida que se fere e se mutila.
Filosofia