Cássio Zanatta é um mestre da crônica, um grande memorialista e um observador imbatível do cotidiano, capaz de nos contar novidades sobre coisas triviais que já imaginávamos inteiramente decifradas, como a passagem do caminhão de lixo ou o biscoito molhado no café.
Ele é um intérprete fiel do que é ser humano no mundo que coube à sua geração: seus hábitos, suas lembranças, suas saudades.
Ler o Zanatta é se identificar com certas perplexidades que todos temos, mesmo quando ainda não sabemos disso.
Por exemplo, como é possível “entender como se ia a São José com pista simples e carros mequetrefes em duas horas e 45 minutos, e hoje, com estrada duplicada e carros potentes, continua se levando duas horas e 45 minutos”?
Ler o Zanatta é descobrir quantos sentimentos nos passam pela cabeça a todo instante sem que sejam enunciados; é flutuar na sua escrita tão limpa, e se surpreender com a delicadeza da sua visão. De cachorros a passarinhos, de viagens a telhados, nada escapa à sua observação. “O máximo que consegui” é artigo raro, um pacote de inteligência, humor e delicadeza num momento de trevas.
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