Rebeliões militares são geralmente chefiadas por generais ou coronéis. Como interpretar a rebelião prolongada de alguns jovens tenentes e capitães que querem derrubar governos civis contra a opinião de seus superiores? José Augusto Drummond caracteriza o movimento tenentista como uma grave cisão política e hierárquica do Exército Brasileiro. Nessa perspectiva, o Exército não teve entre 1922 e 1935, unidade corporativa para intervir coerentemente na política civil. Ao contrário, a cisão militar levou para dentro do Exército os conflitos entre grupos civis, inclusive socialistas e comunistas. Os tenentes, apesar de defenderem para o Exército um papel político salvacionista, sabotaram esse papel ao romper drasticamente com seus superiores hierárquicos. Nesse sentido, os tenentes fizeram intervenções militares, mas essas intervenções não foram da corporação militar, na qual eles nunca conseguiram prevalecer. Prestes, Juarez, Távora, Osvaldo Cordeiro de Farias, Eduardo Gomes e muitos outros oficiais rebeldes tiveram no movimento tenentista sua primeira escola de militância política.
História do Brasil