"o NÓ CEGO", quinto romance de Geraldo França de Lima, é a estória de um desses minutos inesperados que, no entanto, permanecem e repercutem definitivamente. Com efeito, um instante apenas o suficiente para transformar a vida de Olímpio, triunfalmente assentado e realizado em todos os sentidos, sem problemas de qualquer ordem.
A estória se passa "numa cidade mineira, há alguns anos", mas, pela intensidade dos temas, poderia ter ocorrido em qualquer outro lugar. Aí se agitam violentamente sentimentos diversos: a cobiça, a insatisfação, a ansiedade e o amor. A ironia, a mordacidade, a irreverência e os modismos de uma linguagem local dão ao livro um tom admirável, enquanto a pena do romancista não permite ao assunto diluir-se ou desmanchar-se na banalidade de uma narrativa.
A elegância do estilo disfarça em passagens emocionantes a realidade em todos os seus aspectos. A sensualidade está presente, mas repleta de picaresca alegria e o autor num forte sabor proustiano fecha o livro com um desfecho surpreendente.