O porquê de todas as coisas

O catalão Quim Monzó, agraciado em 2000 com o Prêmio Nacional de Literatura Catalã, o mais importante de seu país, chega ao Brasil com O porquê de todas as coisas, obra que é considerada uma de suas melhores coleções de contos. Lançado em 1993 em seu país de origem, o livro obteve tanto êxito que um ano depois ganhou versão para o cinema, dirigida e produzida por Ventura Pons. Além disso, até 1998 ele teve 24 reimpressões e ganhou traduções para idiomas como alemão, francês, holandês e basco.

A popularidade de O porquê de todas as coisas deve-se à habilidade do autor ao retratar situações e personagens comuns, cotidianos, mas ao mesmo tempo insólitos, inseridos em histórias repletas de senso lógico - daí também seu título. Explorando as mais diversas possibilidades combinatórias do amor e do desejo entre homens e mulheres, ele abusa intencionalmente dos clichês para dar forma à sua crítica do ridículo do ser humano. Outro fator que contribui para sua aceitação está no não-dito, já que algumas passagens e finais ficam implícitos, aguçando a imaginação do leitor.

Apesar de não obedecer a uma sequência rígida, o livro se divide basicamente em três partes. A primeira é dedicada às peripécias sexuais e afetivas dos homens, em que temas como o sadomasoquismo são relatados de forma hilariante. A segunda parte parodia os contos de fadas - porém, em vez de a princesa buscar um príncipe em forma de sapo, é ele quem acredita encontrar o amor de sua vida em forma de batráquio, e Cinderela não se livra de suas meio-irmãs nem depois de casada. A terceira e última parte explora os aspectos da comunicação e do ofício da escrita, revelando que o autor também sabe usar o humor para rir de si mesmo.

Contos / Ficção / Literatura Estrangeira