O psicanalista: na instituição, na clínica, no laço social, na arte

O psicanalista: na instituição, na clínica, no laço social, na arte Michele Roman Faria (org.)


Compartilhe


O psicanalista: na instituição, na clínica, no laço social, na arte #2


volume 2




Uma formação que se pretenda rigorosamente orientada pelo espírito que marca a transmissão de Lacan exige estratégias que mantenham o psicanalista em uma posição de trabalho, de reflexão sobre o ato que define sua operação como psicanalítica. (...)Para que haja psicanalista, a formação exige uma prática que não encontre apoio nas garantias, mas nas perguntas, pois são elas que mantêm o saber no lugar que lhe cabe: imprescindível como o saber da madeira para o carpinteiro, mas sem encontrar jamais a mestria e a rigidez das regras como destino.



"Quanto à qualificação, há bastante tempo que, para tudo o que é do saber, a reflexão construtiva acerca da episteme colocou em causa o praticante, quando se trata de um saber; tanto que em Platão, cada vez que se trata de assegurar um saber em seu estatuto, prevalece a referência ao artesão, e nada parece contradizer o anúncio de que toda prática humana – digo prática, já que o fato de fazermos prevalecer o ato não quer absolutamente dizer que nós repudiaríamos a referência a ela – todo praticante supõe um certo saber, se queremos avançar no que é da episteme. Todo o saber da madeira, eis que para nós definirá o carpinteiro" (Lacan, 1967-68).



Sem o conforto burocrático do setting, nem as ilusões de um outro colocado no lugar de mestria que o tripé freudiano corre o risco de caucionar, caberá ao praticante colocar o saber a trabalho para enfrentar a angústia inerente às dificuldades de sua prática, fazendo dela a causa que mobiliza seu desejo de saber. Assim, uma formação que se pretenda rigorosamente lacaniana não poderia estar apoiada nem pelas qualidades pessoais do psicanalista, nem naquele com quem o psicanalista estuda, se analisa ou supervisiona seus casos, mas no ato cujos efeitos caracterizam uma análise, e na reflexão constante que esse ato exige, a fim de que a angústia não opere como resistência, exigindo um mestre como resposta a obturar o trabalho.

Este livro, que é o segundo volume de nossa coleção, reúne psicanalistas que se dedicaram a tal reflexão, tomando como ponto de partida sua prática clínica, seu desejo de transmitir algo dessa prática e o desafio de fazê-lo pela escrita.

Michele Roman Faria

Psicologia

Edições (1)

ver mais
O psicanalista: na instituição, na clínica, no laço social, na arte

Similares


Estatísticas

Desejam
Informações não disponíveis
Trocam
Informações não disponíveis
Avaliações 0 / 0
5
ranking 0
0%
4
ranking 0
0%
3
ranking 0
0%
2
ranking 0
0%
1
ranking 0
0%

0%

0%

Marcel Augusto
cadastrou em:
26/04/2024 18:30:57
Marcel Augusto
editou em:
26/04/2024 18:31:23

Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR