O Santo de Amarante

O Santo de Amarante Mariana de Lacerda


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O Santo de Amarante


A fé era muita, mas a injustiça era maior




Gonçalo não escolheu ser padre. Nascido em um convento no interior da Bahia, e encaminhado para um internato beneditino aos dez anos de idade, tornar-se um religioso era como um evento fisiológico, tão natural quanto nascer, envelhecer e morrer. Recém-ordenado, é enviado para Amarante, no sertão de Pernambuco.

Os sertões eram mal assistidos de serviços sacramentais. Quanto mais isolados, mais entregues a um catolicismo popular, mágico e sobrenatural, todo feito de amarrações, rezadeiras e beatos milagreiros. A fé era dominada pelos leigos, e a Igreja cobiçava penetrar naqueles ermos e tomar para si o poder religioso. Um jovem inexperiente deveria cumprir quietinho o seu papel: assegurar o poder da Igreja e oferecer apoio político ao prefeito, Francisco Sousa.

A ordem social de Amarante era simples: as terras eram de Sousão. Os desvalidos que nelas moravam tinham por obrigação primeira cultivar o algodão do coronel. Em troca, ganhavam o direito de construir sua casinha e manter um roçado. Em torno do prefeito, orbitavam os poderes por ele subjugados: juiz, delegado e promotor.

Essa ordem é rompida quando o forasteiro Gonçalo descobre uma furna de água perene naquele rincão esturricado. Água o ano inteiro, verdadeiro milagre! Gonçalo só podia ser santo! Os camponeses deixavam a lida nas roças de Sousão e iam-se arranchar ao redor da fonte d’água milagrosa. O coronel perdia os braços para cultivar o algodão e via seu poder político ameaçado.

Gonçalo é obrigado a lidar com a brutalidade de Sousão, o despeito do bispo, a adoração do povo, e o alvoroço no próprio peito toda vez que avista Pia, moça bonita, agregada da casa-grande do coronel Sousa.

Inspirado nos episódios do Caldeirão da Santa Cruz do Deserto, no Ceará, e das Ligas Camponesas, em Pernambuco e na Paraíba, ambos sufocados por proprietários de terra e poderes políticos instituídos (muitas vezes representados pelas mesmas pessoas), "O Santo de Amarante" é dedicado a José Lourenço, João Pedro Teixeira, Francisco Julião e a quem mais lutou contra o jugo do latifúndio.

Agropecuária / Drama / Ficção / História do Brasil / Romance

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