O sono de Morfeu

O sono de Morfeu André Zambaldi


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O sono de Morfeu





O ensaísta espanhol Jorge Larrosa um dia escreveu "Só o estudo ameaça o estudante. Em seu abandonar-se ao estudo, o estudante renunciou a tudo o que poderia torná-lo seguro. Não só às pequenas seguranças da vida prática, desse mundo diurno da ação e do trabalho, desse mundo seguro no qual cada um é o que é, e sabe o que fez ontem e fará amanhã, e o que deseja e o que tem, mas também às outras seguranças: da verdade, da esperança, da ação, da cultura e da significação. O estudante renunciou ao que poderia tornar seguro o próprio estudo. Daí o perigo."

Esse fragmento poderia, laconicamente, descrever a corda bamba em que vive o estudante Morfeu, narrador e protagonista deste instigante livro que entre dúvidas fáusticas de espessuras oníricas, se pergunta: "Resta-me alguma humanidade, além da que estudo?"

Espécie de umbral entre real e imaginário, ficção e cotidiano, internet e feitiçaria, Grécia e montanhas de Minas, loucura e sanidade, luminosidade tropical e outono da Idade Média, o estudo é, aqui, o que arremessa o jovem ao conhecimento, à erudição, ao saber e, também, o que o afasta da palavra dialogada, da amizade, do desejo, da Sofia.

Este labirinto feito de fios tensos sustenta habilmente esta obra. Tal como Morfeu, que molda formas variáveis, André Zambaldi (vencedor do Prestigiado prêmio Jovem Escritor, em 2011) afasta-se das estruturas consolidadas da narrativa, para criar tempos e espaços sincrônicos em que padrões tecnocráticos do século XXI estão lado a lado com Aristóteles, Kurosawa, Espinosa, Platão, Nietzsche e, principalmente, Dostoievsky.

Resta à nós, leitores (nem poetas, nem semideuses), imergir profundamente nessas páginas para, tal como o estudante desta incrível história, aprender a sonhar, de novo.

Sandra Sedlmayer - Inverno, 2014.


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on 6/2/15


Morfeu, "deus do sono", é o nome do estudante que, ao estudar, achava estar acordado, mas dormia. Dormia porque sonhava. Sonha-se acordado durante os estudos. A cada livro que lia, ficavam as vozes que o serviam. Vozes que se encaixam no mosaico do que se é. Morfeu tanto leu que teve de gerenciar as vozes que falavam dentro dele. Deu-lhes nomes, ambientou-as em lugares mágicos dentro de sua própria mente e não fugiu delas, por mais assustadora que fosse o teor da "conversa". Encarava ... leia mais

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Taiane Martins
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02/12/2014 22:45:29

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