No início de sua produção dramática, nos idos anos 40 do século XX, Nelson Rodrigues (1912-1980) escreveu a série de peas que ele denominou de "desagradáveis": album de família, anjo negro, senhora dos afogados e Doretéia. Esses textos criavam uma imediata identificação dos leitores das tramas, pois os personagens, habitavam os paradigmas da cultura brasileira. Muitas vezes horrorizado, aquele que assistia às encenações dessas peças, via esses personagens cometerem as mais sóridas transgressões no palco, o que lhe causava o efeito "desagradável" de estar diantes de espelhos retorcidos que, no início, foram límpidas identificações. Este ensaio procura desvendar os meandros dessas peças ao compará-las a determinados dados culturais de sua época de formação. Buscamos compreender que o desagradável não foi uma premissa de Nelson Rodrigues, mas que esteve presente em autores consagrados da literatura ocidental, como: Emily Brontë, Charles Baudelaire, Marquês de Sade e Franz Kafka.
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