À primeira vista, o mundo criado pela narrativa sugere uma paisagem para além do real, um daqueles mundos alternativos que surgem, com maestria, vez por outra, no cinema e na literatura, como a futurista Los Angeles, de Blade Runner, para citar apenas um exemplo. Entretanto, nos entreatos da leitura, o leitor vai percebendo, não sem algum horror: é deste mundo, é deste tempo no qual vivemos que parte a narrativa. Um mundo em decomposição, atravessado por severas perdas de sentido, por uma apartação desagregadora entre o ser humano e instâncias poderosas como a beleza, a natureza, o sonho.
Literatura Brasileira