O termo jornalismo tem aqui o sentido genérico amplo que remete a todas as mídias e suportes onde se coletam, se selecionam e se formatam discursos relativos a objetos reais de interesse público. (…) A pesquisa publicada neste livro consagra esta definição. Concebida originalmente como dissertação de mestrado, levada à defesa em 2013 no Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Informação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), trata de um tema bastante original e muito pouco estudado no campo acadêmico: o orientalismo no jornalismo brasileiro, um tema recortado de outro, mais amplo – “o outro”, “o estrangeiro”, “o estranho” – e que diz respeito à reflexão sobre o diferente de mim, de nós, e suas práticas culturais. O tema da pesquisa é sobretudo um excelente pretexto para se refletir sobre a contribuição do jornalismo para a reprodução e circulação de preconceitos que têm origem em discursos externos à instituição e que, ao se cristalizarem no senso comum, resultam quase sempre na transformação das diferenças em desigualdades. Virginia Pradelina da Silveira Fonseca, no Prefácio
Entre as modalidades de saber dedicadas a dizer o Oriente, o islã, os muçulmanos e os árabes, o jornalismo ocupa lugar proeminente. As revistas semanais de informação, nas quais o discurso jornalístico pode ser visto em uma de suas roupagens mais distintas, têm papel relevante na complexa operação político-cognitiva que Edward W. Said chamou de orientalismo. Este livro analisa a produção de sentidos sobre o Oriente pelas maiores publicações do tipo no Brasil (Veja, IstoÉ, Época e Carta Capital).
Luiz Antônio Araujo é jornalista, escritor e professor de Jornalismo na Escola de Comunicação, Artes e Design Famecos da PUCRS. Publicou Binladenistão: um repórter brasileiro na região mais perigosa do mundo (Iluminuras, 2009, finalista do Prêmio Jabuti de Literatura na categoria Reportagem em 2010) e 12 livros que abalaram o Rio Grande (Edunisc, 2015). Prepara biografia do crítico Mario Pedrosa.
Comunicação / Não-ficção