"Alguém será capaz de saber como será nosso mundo dentro de cento e cinquenta mil anos?".
A Via-Láctea era uma galáxia mais ou menos idêntica ao que fora no Século I, só que sua história preenchia já uma esfera de quase cem diâmetros (1.000 quilômetros).
Mas que importava a história para o único habitante da Via-Láctea? Nada, absolutamente nada. O passado estava arquivado e o que quer que acontecesse em Ri, onde se reuniriam dentro em breve os Chefes do Cosmo, a história do Universo não iria decidir o futuro. Tudo aquilo ficara para trás.
Assim pensava Erna-Euz, o onipresente Reitor da Galáxia, um homem de estatura elevada, crânio proeminente, olhos de fogo.
Erna-Euz, comparado com uma pessoa de nossos dias, era um ser horrível. Apesar disso, seu metabolismo era perfeito. O seu cérebro, protegido por lâminas de cocta era a mais perfeita combinação de sabedoria e poder. Nele estava armazenada toda a ciência do infinito, convenientemente ordenada no mágico circuito neurônico de cinquenta e seis trilhões de células microscópicas.
Os mistérios da energia, da matéria, do cosmo, não existiam para Erna-Euz, Senhor Supremo de cento e oitenta mil mundos e quarenta e três mil e quinhentos estrêlas de diversas grandezas.
Erna-Euz era o único sobrevivente da antiga raça terrestre, aqueles seres altivos e conquistadores que haviam explorado as estrelas nos séculos XXI e XXII e levado, durante milênios, a guerra e a destruição a todos os confins da Via-Láctea. Uma raça que não tivera sua origem na Terra, mas chegara a ela em forma de sopro de vida, transportada por fótons biológicos e que cruzara e entrecruzara-se até chegar a ser o que agora era Erna-Euz - um homem, parte carne, parte energia e parte cocta.