Outros junhos virão

Outros junhos virão Mário Messagi Júnior


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Outros junhos virão


Protestos organizados em rede e as democracias radicalizadas




Os protestos de junho de 2013 mudaram a história da redemocratização brasileira. Ali, aos gritos de milhões de jovens, inaugurava-se uma nova fase política: o Brasil se tornava uma democracia radicalizada.

A disputa de narrativa sobre junho, ainda hoje, quer atribuir sentidos, atribuir conteúdos: “junho foi contra a corrupção”, “junho foi fascista”, “junho foi a negação do presidencialismo de coalizão”, “junho foi o resultado de uma crise profunda no capitalismo”. Todas estão certas; e nenhuma está.

Democracias radicalizadas não se caracterizam por um conteúdo específico, por uma direção em si, mas por uma lógica nova de conflito político, mais emocional, mais de gritos e menos de consensos. A política fica mais parecida com o Facebook; e o Facebook fica mais carregado de haters e lovers. O amar ou odiar: a intensidade adolescente invade a política. Ainda que não praticada exatamente por adolescente.

Nestes momentos, o sistema político tem que atuar no sentido contrário, buscando criar mais espaços de construção de consensos, oferecendo às democracias radicalizadas a radicalização da democracia.

Não foi o que fizeram no Brasil. Dilma sinalizou com abertura política, mas o Congresso rechaçou este caminho e fechou o sistema político, ofereceu poucas alternativas aos eleitores, reduziu o tempo de campanha, acabou com as doações de empresas e colocou um grande volume de recursos públicos nas mãos dos partidos, para que destinassem o fundo eleitoral para um projeto comum: reeleger quem já estava no poder.

A estratégia falhou, em parte. Houve a maior renovação no Congresso Nacional desde a constituinte de 1988, a extrema direita cresceu sensivelmente, ocupando boa parte do espaço da direita, um hater profissional assumiu a Presidência. E é certo e líquido que outros junho virão, que a radicalidade não diminuiu.

Entender o que aconteceu, para além das disputas narrativas, ainda é um trabalho a ser feito. Este livro é uma das mais valiosas contribuições para isso, desde 2013.

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