Em Pequeno álbum de silêncios, mãe e filha – poeta e fotógrafa – lançam seus olhares ao mundo, traduzindo o que veem com suas formas de expressão artística. Os poemas são curtos, de versos lacunares. As fotografias são em preto e branco, granuladas, como em um álbum. Tudo se dá pelo encontro: de olhares, de afetações, de gerações, de desejos.
Neste conjunto de poemas e imagens, há uma conversa sutil, quieta, entre as linguagens da obra e entre os fios que ligam gerações, como aponta a poeta Natália Agra na orelha do livro:
Mônica nos leva ao seu lugar de pertencimento, à sua ancestralidade, conforme podemos ver no poema Centelha: minha mãe grávida/ de vestido azul/ saltando plena/ no poço fundo do rio, ou em Semente: mas ainda hoje/ estou plantada lá/ naquele chão vermelho/ que nem existe mais, ou, ainda, no belíssimo poema Do lugar: havia o rio/ os morros/ a pracinha da igreja/ a igreja encravada no monte/ a sorveteria da esquina/ a casa da tia marita, só para citar algumas das passagens centrais em sua composição poética. Sarah, por sua vez, enxerga nas minúcias das mãos, nos ecos e espectros, a paisagem do silêncio que toca os poemas de Mônica. Mãe e filha unem, neste poemário de ausências e silêncios, a fotografia exata da família.
Literatura Brasileira / Poemas, poesias