Yeonmi Park não conhecia o significado da palavra liberdade.
Na Coreia do Norte, cresceu a pensar que era normal ver cadáveres na rua a caminho da escola. Que era normal ter tanta fome que precisava de comer plantas selvagens para tentar calar o estômago. Que era normal ver os vizinhos «desaparecerem» sem aviso nem razão. Cresceu a acreditar que o Grande Líder era capaz de lhe ler os pensamentos e de a castigar se fossem incorrectos.
Aos 13 anos, quando a fome e a prisão do pai tornaram o futuro impossível, Yeonmi e a família tomaram a decisão arriscada de fugir da Coreia do Norte.
Ficar significaria morrer de fome, de doença ou por execução. Atravessaram as águas geladas do rio Yalu rumo à fronteira com a China, carregadas de esperança, mas acabaram nas mãos de traficantes de refugiados.
Depois de quase dois anos à mercê dos captores chineses, Yeonmi e a mãe decidiram arriscar a vida, uma vez mais. Numa noite gelada, com as estrelas a alumiar o caminho, atravessaram o inóspito Deserto de Gobi. Mais uma dura travessia, desta vez bem-sucedida.
Arriscaram morrer porque escolheram ser livres. Porque escolheram viver.
Aos 27 anos, Yeonmi Park é activista de direitos humanos e está, finalmente, a aprender o que significa ser livre.
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