A luz da Catedral iluminava, íntegra, a existência de Anyssa. Ainda que os vitrais do local sagrado refratassem essa luz e revelassem as partes obscuras de si, ela nunca imaginou que fosse uma portadora do Poder.
Então, na noite em que o seu mundo explodiu em chamas, ela foi forçada a entrar na Floresta para se proteger dos que a perseguiam e que, até então, eram encarregados de manter a Aldeia sob controle. Ela sabia sobre as lendas da Criatura da Floresta e ainda assim, as árvores escuras e sombrias pareciam uma alternativa melhor do que morrer envenenada por uma flecha de prata.
Ao se jogar nas águas do Rio, Anyssa ansiava que a sua chama se apagasse. Porém, ela despertou com o toque cuidadoso de mãos calejadas tratando os seus ferimentos e olhos excêntricos carregados de uma gentileza melancólica a observarem cada movimento seu.
A maldição baseada em uma mentira levou um coração a se isolar no interior da Floresta escura e agora, o mesmo voltava a bater envolto em calor e cinzas.
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