Parte da coleção Sujeito e História, PROBLEMAS DE GÊNERO, de Judith Butler, é um dos mais importantes e influentes estudos sobre gênero já escritos. Um verdadeiro clássico do feminismo, o livro foi produzido a partir da vida cultural de um grupo que teve, e continua tendo, algum sucesso lutando pela melhoria da qualidade de vida daqueles que vivem uma opção sexual à margem da sociedade, segundo a autora.
Em um ataque declarado à essência da teoria do feminismo francês e suas bases antropológicas, a autora questiona as distinções feministas tradicionais de sexo e gênero, argumentando que os conceitos básicos destes discursos são eles mesmos produzidos por relações de poder. A pesquisadora investiga as origens da identidade do gênero para assim revelar seus parâmetros políticos.
Segundo o psicanalista Joel Birman, o percurso crítico de Butler é uma indagação sistemática sobre a construção dos gêneros e das identidades, centrada em duas instâncias cruciais: o falocentrismo e a heterossexualidade compulsória.
Mesmo tendo na filosofia o ponto de partida de seu itinerário polêmico, a pesquisa de Butler se desdobra numa proposta de questionar as fronteiras e as soberanias das disciplinas, já que a identidade é precisamente o seu principal alvo. PROBLEMAS DE GÊNERO é um livro brilhante e inovador - indispensável para a teoria feminista.
O par sexo/gênero foi um dos pontos de partida fundamentais (talvez fosse melhor dizer fundacionais) da política feminista. O desmonte da concepção de gênero seria o desmonte de uma equação na qual o gênero seria concebido como o sentido, a essência, a substância, categorias que só funcionariam dentro da metafísica que Butler também questionou. Assim como Derrida desmontou a estrutura binária significante/significado e a unidade do signo,1 e fez com isso uma crítica à metafísica e às filosofias do sujeito, Butler desmontou dualidade sexo/gênero e fez uma crítica ao feminismo como categoria que só poderia funcionar dentro do humanismo.2 Para refletir sobre os efeitos dessa desconstrução, é fundamental entender desconstrução não como desmonte ou destruição.
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