Há uma hegemonia na produção literária. Isso é um fato. E nós, como sociedade, estamos suscetíveis a consumir o que chega, o que nos é ofertado. É dessa forma que um padrão se estabelece e se mantém, um padrão de beleza, um padrão de cor, um padrão de ser humano. É assim que na escola aprendíamos que cor de pele é o lápis salmão, aquele mais clarinho, mais rosado. Ficamos tanto tempo dentro dessa caverna, dentro dessa estrutura, que é até difícil encarar a claridade quando percebemos a prisão ao nosso redor. A luz pode nos cegar num primeiro momento, mas é ela quem vai mostrar o que estava escondido nas sombras.
Eu não preciso ser mais claro para me fazer entender aqui. Segundo pesquisa realizada pelo Grupo de Estudos de Literatura Contemporânea da Universidade de Brasília, das publicações lançadas entre 1965 e 2014, foi identificado que 70% das obras publicadas por grandes editoras foram escritas por homens, dos quais 90% eram brancos. Esse é o nosso cânone, essas são as vozes que construíram o imaginário servindo de inspiração para a televisão, cinema, música... Essa antologia é um ponto de luz, no sentido de que vai te fazer vislumbrar outras vozes, outros pontos de vista.
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