Historicamente, a tirinha (em inglês “strip”) e outros recursos do chamado “jornalismo ilustrado” nasceram da necessidade de os jornais diversificarem os seus conteúdos e assim alcançar um maior número de leitores. Perspectivando essa meta ao longo do tempo, a tirinha não se voltou apenas ao tratamento de assuntos banais ou triviais; pelo contrário, ela incorporou os temas de interesse de diferentes segmentos da sociedade. Assim, engana-se redondamente aquele que pensa que o chamado jornalismo ilustrado, expresso também pelas charges e cartuns, volta-se exclusivamente a temáticas insignificantes ou ao riso descompromissado; pelo contrário, o olhar dos desenhistas procura expressar ideias relacionadas com questões filosóficas, políticas, éticas, econômicas e sociais, recheando-as de humor a fim de seduzir os seus leitores através do riso reflexivo. Quer dizer, a tirinha, igual à crônica, ao editorial ou coluna jornalística, tem um caráter fortemente opinativo, crítico, argumentativo. (…) por envolver imagens e texto, geralmente impulsionados pela figura de uma personagem recorrente e facilmente identificável, a tirinha, pelo trabalho do artista, veicula posicionamentos, questionamentos, denúncias e avaliações a respeito dos acontecimentos, dos costumes e da moral de uma época. Por tudo isto, não tenho nenhum receio em afirmar que a tirinha é um gênero textual que se comunica agradavelmente com leitores de diferentes repertórios culturais, estimulando a reflexão e a crítica.
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