O antissemitismo continua presente no mundo ocidental. A problemática do bastardo sempre obsedou Sartre, por ser típica de nossa atual civilização. E estes dois bastardos, o judeu e o negro, e a sociedade que os gerou e rejeitou, são lucidamente desmontados e analisados nesta obra.
Um deles, o judeu, é um bastardo anatemizado e, por isso mesmo, sagrado, já que necessário a essa sociedade que dele não prescinde. Anatemizado porque acusado do assassinio de Cristo-Deus, duplamente amaldiçoado pela Idade Média que lhe impôs a pecaminosa mas indispensável atividade de "comércio de dinheiros", a imagem que dele subsiste em nós é a de avarento, do homeme que vive segregado com seu ouro e seu egoismo, um estrangeiro inassimilável.
O outro bastardo, o negro, vítima do coloniasmo, tem que viver forçosamente sob o signo da autenticidade. Um judeu, branco entre brancos, pode negar ou ocultar sua cor, mas o negro jamais poderá negar a cor, signo indelével da sua situação na sociedade dominada pelos brancos.