Era uma vez, na sala de espera da vida, uma revista quadrada, mais ou menos engraçada, de poucas e boas palavras. Lá dentro moravam peixes de cachimbo e cartola, zumbis e fantasmas carentes, em aquários pequenos demais, com perigo de aquecimentos globais, duelando com caubóis e naves espaciais, amarrando as donzelas no trilho do trem, mandando cartas e encomendas urgentes do além, furando a greve dos pombos-correio, amarrando o cadarço com nós de marinheiro, batucando tamborins de gato e sapato sem prato nem rato, marcando jantares românticos frustrados, competindo em concursos de beleza e de nado sincronizado, contra cientistas malucos e monstros atletistas, frangos de padaria e borboletas caretas, navios piratas, garrafas e ilhas desertas, guarda-chuvas, meteoros e bombas atômicas, procurando promoções de carrinhos de supermercado, bichos de estimação e contas de veterinário, paraquedistas sem pára-quedas, cucos e dinossauros, esbarrando com robôs indecisos, palhaços deprimidos, sessões de psicanálise, lobo mau e os três porquinhos armados até os dentes.