Não foi guerra, foi massacre. Um século depois, o Contestado ainda é uma caso mal contado. O artigo de Paulo Pinheiro Machado evidencia a complexa cadeia de interesses políticos e econômicos que motivou o ataque às humildades vilas místicas. Estas, a bem da verdade, não ameaçavam ninguém. Barbárie em nome do progresso, perpetrada pela jovem República em parceria com os coronéis locais.
Márcia Espig resgata trajetórias de operários que acabaram estigmatizadores pelo Exército como "bandidos". O caráter religioso do conflito também ganha novas análises, entre elas o inédito perfil escrito por Alexandre Karsburg sobre o peregrino italiano que deu origem à série dos santos "João Maria".
Questionar a versão consagrada é sempre uma prática saudável. Nosso entrevistado, o crítico de arte Ronaldo Brito, desqualifica o modernismo nacional. Portinari, em suas palavras, "é uma praga". Por outro lado, o que levaria o maior da nossa literatura a tratar com desdém a abolição da escravatura? Será que o Memorial de Aires, de Machado de Assis, merece uma revisão histórica nos moldes do que se vem fazendo com Monteiro Lobato? Nada disso: Pedro Coelho Fragelli desvenda a fina crítica do mestre por trás da "inexplicável" omissão.
Na corda bamba entre dois (ou mais) lados quem ficou foi Jonny de Graaf, um espião que circulou incógnito nos bastidores do Brasil de Varas, biografado pelo americano R. S. Rose. Já a mítica rainha africana Nzinga, como nos conta Mariana Bracks, resistiu com inteligência e coragem ao tráfico de escravos português para poder, ela mesma, beneficiar-se do comércio humano.
Angustiado neste mar de ambiguidades? Não se desespere: sempre haverá pinups e vampiros para nos divertir no terreno da fantasia. Se bem que, até nestes casos, nem tudo é o que parece...
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