Vida e morte no Rock
A matéria de capa desta edição traz uma agradável entrevista com Zakk Wylde, o "dono" do Black Label Society, um dos guitarristas mais importantes da história do Heavy Metal, e uma figura carismática, que cativa as pessoas com quem se relaciona principalmente por sua característica "descolada", sem "frescura", e que é sempre sincero na maneira como expressa suas opiniões. Todas essas qualidades poderiam em pouco tempo estar enterradas, na verdadeira acepção do termo, por causa de uma doença que é muito comum e normalmente encarada de forma irresponsável: o alcoolismo. Muita gente não acredita que isso seja uma doença, e são raros os casos conhecidos de quem assume uma atitude, como Zakk, de parar de beber, de ficar sóbrio por amor à própria vida. E olha que Zakk era um daqueles bêbados que ficavam divertidos, diferente de muitos que se tornam chatos, inconvenientes e alguns até agressivos. Ele é um bom exemplo a ser seguido por gente que perdeu o controle sobre um dos prazeres que tornam a vida muito agradável, pois a bebida alcoólica é, sim, uma fonte de prazer para quem não sofre da doença da dependência.
Em contraponto ao salvamento de uma vida, a cena do Rock pesado foi estremecida novamente no último dia 5 de outubro com a notícia da morte de Steve Lee, o vocalista da banda suíça Gotthard. Uma fatalidade, num momento em que Steve curtia um merecido descanso e realizava o sonho antigo de pilotar uma Harley Davidson na região oeste dos Estados Unidos, onde existem alguns trechos ainda trafegáveis da mitológica Rota 66. O grupo já desfrutava de consistente sucesso no mercado fonográfico, mas a tragédia provocou uma demanda recorde de seus álbuns em todo o mundo, principalmente na Suíça, onde pela primeira vez na história 13 álbuns de um mesmo artista estão entre os top 100 ao mesmo tempo – ou seja, todos os álbuns da carreira do Gotthard voltaram à parada.
No domingo, dia 17, apesar da neve e da baixa temperatura, mais de 3 mil pessoas foram prestar sua última homenagem a Steve Lee na cerimônia fúnebre. Entre eles, estavam todos os membros da banda, e todas as pessoas envolvidas com Gotthard, incluindo equipe de técnicos, representantes da gravadora, e muitos fãs.
Uma perda lastimável em todos os aspectos, pois se artisticamente o Gotthard tem figurado entre o que de melhor existe no mundo da música nos últimos anos, seu 'frontman' que sempre foi um excepcional vocalista era, além disso, um ser humano admirável, com quem nosso pessoal, tanto da Roadie Crew quanto do Programa Stay Heavy, teve a grande satisfação de se relacionar quando de suas visitas ao Brasil. Considerando o que fez aqui na Terra, Steve Lee deve estar compartilhando um lugar de muita luz com Ronnie James Dio, e ambos continuam irradiando um brilho intenso com o trabalho que aqui deixaram.
Airton Diniz
Comunicação / Artes / Biografia, Autobiografia, Memórias / Humor, Comédia