Sambaqui

Sambaqui Urda Alice Klueger


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“Sambaqui”, o mais recente livro de Urda Alice Klueger é um poema de amor e ternura, é poesia pura. Urda conseguiu descrever a vida simples e singela de uma gente simples e pura, mas com defeitos, como todo ser humano tem, numa época muito longe da nossa realidade, quando não havia nenhuma comodidade e era preciso que cada um trabalhasse duro, eles mesmos fazendo tudo o que era preciso para sua sobrevivência, para que a comunidade tivesse comida e lugar para morar, para que houvesse a preservação da espécie. Urda captura uma história de amor, sublime paixão entre um homem e uma mulher, há quatro mil anos atrás, quando sexo e casamento faziam parte de uma prática ou tradição essencialmente cultivada para a continuidade do seu povo.



A autora recria a vida das gentes que povoavam os sambaquis da nossa região há tanto tempo atrás, com minúcias de detalhes, colocando-nos, nós leitores, lá junto com eles, há quatro mil anos e ao mesmo tempo trazendo-os para perto de nós, da nossa realidade. E saindo das páginas de "Sambaquis", temos a oportunidade de ir até um sambaqui ou a um museu e encontrar uma peça ou um local que fez parte do cenário dos sambaquianos.



Os sambaquianos de Urda não são criaturas grotescas de uma era perdida, são seres humanos como nós, que apesar de não terem o conhecimento que se tem hoje, de acreditarem em forças superiores diferentes da que acreditamos hoje, não terem os mesmos costumes que temos, viviam em harmonia e eram felizes. Não pensavam que era pouco o que tinham, e apesar de não entenderem algumas coisas que os rodeavam, agradeciam aos deuses.



Como já disse, o romance é um poema de amor, escrito com muita sensibilidade e lirismo, coisa bem característica da autora, além de ser uma aula da história sobre as nossas origens. As figuras poéticas, como "Ela espiara para dentro dos olhos dele..." permeiam todo o livro e são umas mais belas que as outras. Original, a história começa com a celebração da morte e termina com a explosão da vida, o nascimento de uma criança.



E há trechos antológicos, fantásticos, como na página 111: "Os homens voltaram a ficar impecáveis, com o grande meio-sol estilizado irradiando-se nas suas barrigas, enfatizando o fato de terem órgãos saudáveis e apropriados para garantir o futuro de um povo. Então os demais os cercaram, e por longos momentos ficaram a bater palmas com força em torno deles, para que os Deuses prestassem atenção neles, homens que, naquela estação, estavam tão abençoados a ponto de estarem gerando crianças novas. E depois todos se abraçaram pelos ombros, e rodaram na areia, e cantaram uma canção antiga, pedindo permissão aos Deuses para estar naquela Ilha. "



Deu-me vontade, ao terminar a leitura de "Sambaquis", de estar na Ilha do Campeche para ver as bacias de polimento, que só as vi, acho, em São Francisco, na Praia Grande. E deu-me vontade de ver de novo as "Flores-que-eram-como-o-sol", que sou fascinado pelos ipês floridos, flores que vicejaram no romance, em todas as primaveras, antes que o verão chegasse. Mas não é tempo deles e vou esperar. Enquanto tenho, neste nosso inverno um pouco atrasado, as flores do Jacatirão, popular manacá-da-serra, para me maravilhar. Felizmente. E até me atrevo a desejar que os sambaquianos também as tivessem, como as temos em todas as estações, para serem ainda mais felizes.

(Luiz Carlos Amorim)

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Por Luiz Carlos Amorim – Escritor – Http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br Esperei muito para ler “Sambaquis”, de Urda Alice Klueger, que finalmente foi publicado. Na verdade, esperei anos. Devo ser o mais chato leitor de Urda, pois fiquei cobrando dela quando ficaria pronto desde que ela começou a escrever. E então agora pude ler os originais do livro que ainda está no prelo, e ele é “muito lindo”, como diria a própria autora de alguma coisa pela qual ela ficasse apaixonada, ad... leia mais

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Luiz C. Amorim
cadastrou em:
12/02/2009 23:36:28

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