"Crise de Civilização" nos tempos modernos já é uma fórmula venerável; não é de hoje que os pensadores e intelectuais de campos e horizontes diferentes a proclama e interpretam. O Brasil não escapou a essa onda de legítima inquietação ante o destino da cultura e dos valores em conflito. Desde o movimento modernista, a inteligência nacional tem procurado responder à crise da civilização; a obra de alguns dos nossos maiores ensaístas dos últimos decênios, como Alceu Amoroso Lima, está colocada sob o signo desse tema.
"Saudades do carnaval", de José Guilherme Merquior, não pretende oferecer uma contribuição original a esse debate decisivo: pretende apenas atualizar a sua "moldura conceitual", introduzindo na discussão os resultados de algumas interpretações pioneiras em filosofia e ciências humanas: as interrogações já clássicas de Tocqueville, Nietzsche e Freud, de Max Weber, Ernst Troeltsche ou Hans Freyer (...).