A poesia de Mauricio Salles Vasconcelos tem a densidade de uma cena de Godard, cineasta estudado por ele em História(s) da Literatura. Como nos filmes de JLG, comenta e ilumina o nosso tempo: imagens pensantes que atingem uma autonomia que jamais se desvincula de uma ideia que atravessa conceitos para tocar e tornar visíveis dimensões da realidade.
Eu já havia apontado com entusiasmo essa característica de criar imagens que pensam por si mesmas, quando apresentei o romance de MSV Ela não fuma mais maconha (2011), mas nos poemas essa característica está potencializada e alcança momentos de hierofania.
Além do cinema, a poesia de Salles Vasconcelos dialoga com a cultura pop. Se críticos musicais como Alex Ross e Lester Bangs resvalam no poema em seus textos sobre música, Mauricio revela que existe uma poética emancipada tanto da efemeridade quanto da dimensão do esquematismo dentro do universo das canções pop e que esse universo pode estar conectado com a dimensão do ser do Poema.
O próprio corpo, tão presentificado na poética de MSV, tem o status cósmico de uma canção dentro de um filme.
Marcelo Ariel
Erótico / Literatura Brasileira / Poemas, poesias