"Tudo começou com um breve bilhete nas paredes de um mundo qualquer. E assim teria até continuado não fosse o cheiro inspirador da meia-noite ou a canção de outono que os lábios dela ofereciam aos ouvidos mais refinados. Teria tudo permanecido como deveria: a xícara de chá no mesmo canto obscuro da sala, os cadernos enfileirados nas prateleiras bagunçadas e o tom agudo da voz manhosa que a brisa de inverno ecoa pelas manhãs ainda escuras. As coisas permaneceriam nos mesmos lugares, com os mesmos cheiros e sentenças não fosse aquele maldito bilhete desacorçoado com tom descabido e pouco satisfatório. (...)
Mas eu aceitei a sentença.
A mesma melíflua e ingênua destinação oca dos grandes livros e das belas histórias, enquanto eu tinha meu passo torto nos corredores."
Então as estradas se abrem e os caminhos se transpõem; os universos permitem o conhecimento do fruto e as almas sentenciadas desses mundos se revelam; a protagonista tem seus rumos diante dos olhos, mas também conhece o passado além de seu tempo e todas as representações de histórias além de seus alcances.
A sentença é lançada para ela que, incabível de si, rastejará as ilusões e as nuances incutidas em suas memórias esquecidas.
Ficção / LGBT / GLS / Literatura Brasileira / Romance