A astronomia usa a palavra solstício para designar a posição do Sol no momento em que o astro-rei se encontra em determinado ponto. Mais do que isso, refere-se a uma posição exata. Solstício é uma sofisticada alegoria da qual a escritora Edna Bugni lança mão para contar uma saga feminina multifacetada, repleta de arquétipos primitivos, contemporâneos e pós-modernos que têm origem na geração que viveu, intensamente, o Brasil de 1968, marcado por manifestações estudantis, protestos contra o regime militar e profundas mudanças no cenário político e social.
No romance Solstício de Verão, a mudança de comportamento saboreada pelas mulheres dessa "safra" desemboca nos dias atuais em personagens que compõem o retrato feminino de um Brasil de muitas faces. Ao contrário do que o título possa sugerir, a obra não tem cunho místico; antes, apresenta o cotidiano de protagonistas muito próximas a mulheres reais – fêmeas que lidam de diferentes formas com a maternidade, a sexualidade, as escolhas, os sucessos e as "pequenas-tragédias-pessoais". A narrativa, em primeira pessoa, expõe a coragem da autora em contar histórias partilhadas por uma geração, mas elaboradas de maneira particular, no ritmo ditado por características singulares – e complementares – das protagonistas. Já na introdução, Edna Bugni traz o fragmento de um segredo que será desvendado ao longo de 10 capítulos que retratam acontecimentos tecidos no presente – de 22 a 31 de dezembro – e no passado dessas mulheres. Solstício de Verão, uma obra para leitores que apreciam uma narrativa incisiva, inteligente e sensível. Um livro singular, uma história arrebatadora, um romance com todos os elementos para se tornar inesquecível.