Ana conseguia imaginar sua filha Mena em situações bem diferentes. Quando Mena ia à praia com ela, sentavam nas pedras e sentiam a água do mar espirrando contra seus pés e roupas. Nos aniversários de Mena em que ela sempre ficava ofegante atrás de seus presentes e tentando descobrir as surpresas das festas surpresa. Quando a filha voltava da escola distraída ou com raiva do Pedro, Juan ou qualquer outro. Mena pendurada nos braços do pai brincando de avião e equilibrando-se para não cair. Como foi dito, Ana conseguia imaginar Mena em situações bem diferentes. Ela abriu a agenda que estava em suas mãos, havia uma rosa, não mais vermelha como sangue, mas marrom, seca do tempo, seca de vida. Mesmo assim bela, intacta, ainda continha o todo de sua filha: talvez um pouco de ar respirado por ela após a busca do aroma, talvez um grão de sal seco de uma gota do mar que espirrara e ali ficara escondida, alimentando-a até a morte. Ana imaginava muitas situações diferentes e atropelava-se em pensamentos. Se outra gota de água que caísse na rosa seca pusesse nesta a vida, talvez, nessa mesma instância, teria sua filha de volta. Ela se perguntava sempre se ainda veria Mena fazendo todas aquelas coisas que imaginou e que nunca aconteceram. Às vezes, algumas pessoas têm de malhar mais o coração que outras. Ana faria isso até o dia que dessem a ela a resposta que não sumia: onde está a minha filha?