Quando o Iluminismo rompeu com suas vibrantes luzes o manto da escuridão que as crenças, os preconceitos e a
ignorância insistiam em vestir a Humanidade, insuflou no homem a convicção de que a ciência, o conhecimento e a tecnologia o fariam conquistar as benesses que uma sociedade sabiamente governada poderia atingir, como, séculos antes, vaticinara Platão.
O homem do século XXI não cansa de se deleitar com as maravilhosas conquistas da ciência e da tecnologia, tanto para o bem quanto para o mal. Passos gigantescos são dados diariamente nos laboratórios das universidades e das
grandes empresas em busca de engendrar mais um brinquedo tecnológico sofisticado.
Nunca, porém, o homem esteve tão longe da promessa platônica/iluminista; a conquista de uma sociedade justa e
humana. O discurso ciêntífico, acompanhando as engenhocas que a tecnologia cria, passou a reger o mundo das relações humanas, transformando as pessoas em escravas das máquinas, e não o contrário, como se sonhava.
O discurso poético - ambíguo, livre, associativo, paradoxal, simbólico, essencialmente humano - é substituído
pelo pragmatismo, pelo apoliticismo e pela alienação do discurso técnico, cobrando um alto preço: a desumanização
do humano. É disto que Márcio Jabur Yunes e João Carlos Agostini tratam, procurando dar uma proposta para a integração desses dois dicursos, hoje, tão antagônicos.