Isolado em casa, por conta da reclusão social imposta pelas autoridades sanitárias brasileiras, na tentativa de refrear o avanço do vírus fatal que avançava sobre a população, distante da família, com o coração apequenado pela hospitalização do pai, Jelcy Rodrigues Corrêa, contaminado pela Covid-19, passou a elaborar mentalmente o relato ora apresentado.
O texto, em suas palavras iniciais, aconteceu precisamente durante o período do suplício vivido pelo pai, hospitalizado e incomunicável. Foram exatos 28 dias transcorridos entre sua internação e o seu falecimento. Dias difíceis de absoluta angústia e sofrimento para a totalidade da família que o tinha como uma referência de coragem, determinação e total crença no dia de amanhã.
Sua vida, da infância nos pampas gaúcho, da vida militar, a passagem pela Guerrilha de Caparaó além da militância partidária, inúmeras vezes relatada por ele, aos filhos, netos e amigos, necessitava de um registro na história familiar. Então, de mangas arregaçadas decidiu fazer esta homenagem a ele, ao homem que passou a vida inteira sonhando com a liberdade tantas vezes negada a muitos.
Jelcy Corrêa, sem dúvida nenhuma, foi a síntese do militante incansável em busca do que deveria ser a consequência da mobilização do povo brasileiro — liberdade.
Muitas leituras, muitos escritos, muitos reescritos, trocas de ideias, até chegar ao final. Ideias concatenadas, palavras escolhidas, parágrafos definidos e eis que surge a história de meu pai, não em sua totalidade, mas em boa parte. Um homem que passou sua vida na luta contra a opressão.
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