É preciso lembrar que escrever um texto, muitas vezes não só remete a esses lugares obscuros, por vezes doloridos, como pode iluminá-los. Vemo-nos assim diante de um trabalho que aprisiona e liberta, paradoxo que nos cabe manter e não resolver. Relendo nosso texto, somos invariavelmente apresentados a nossos potenciais, a nossa disposição para estudar, aprofundar, relacionar, criar, mas também acabamos por conhecer nossa indiposição para ir mais além, nossas reticências a precisar nossos dizeres, numa palavra, o avesso do criar, do fazer pelo impulso. Muitas vezes, nos vemos acovardados, temerosos, a dizer algo que não foi dito, ou assumir um posicionamento.