Vertigem Geral

O livro de poemas de Geise Pereira possui um lirismo desconcertante. Está composto como uma ópera que se destaca por seu silêncio e não por suas notas musicais. Trocando em miúdos, todos os instrumentos do trabalho escritural da autora estão a postos, embora não soem e/ou sejam escutados em versos como: “o grilo canta/e o silêncio grita/ [...] os burgueses levantam a taça de vinho/e brindam ao fascismo/ enquanto os pobres/ levantam os tijolos de suas casas/ pensando que não podem construir/ sonhos” (Brasil, 2018 | p. 15). Nele, acompanhamos cenas da sociedade brasileira e de suas cidades representadas na ausência desses seres esquecidos e sem sonhos. Sabemos de sua existência como contraparte da burguesia e do fascismo de nossa cena operística, ainda que suas vozes sejam silenciadas pelo caos barulhento da urbanização.

Renan Augusto Ferreira Bolognin, doutor em Estudos Literários pela Unesp de Araraquara e Professor de Literaturas de Língua Portuguesa e Espanhola do IFSP de Avaré.


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Brasil, 2018

o grilo canta

e o silêncio grita

o fardo de uma noite sobre os ombros

as fardas dos homens

das mulheres, o pranto

as máscaras, desvairadas,

caídas

os burgueses levantam a taça de vinho

e brindam ao fascismo

enquanto

os pobres

levantam os tijolos de suas casas

pensando que não podem construir

sonhos.

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SOBRE A AUTORA:

Geise Pereira é bacharel em Letras pela Unesp de Araraquara no ano de 2018 e escreve desde criança. É professora e se dedica ao estudo de poesia brasileira contemporânea. Publicou poemas em quatro antologias. Vertigem Geral é seu primeiro livro solo.

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VERTIGEM GERAL

Gênero: Poesia

Páginas: 72

Formato: 14 cm x 21

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