Hans Staden (n. em Homberg (Efze), circa 1525 – m. em Wolfhagen, circa 1579), aventureiro, soldado-mercenário e cronista alemão do século XVI -- Publicou apenas um livro, cujo conteúdo são as narrativas de suas "Duas Viagens ao Brasil", onde participou de surtidas e escaramuças na guerra contra os corsários franceses e seus aliados indígenas (no território das Capitanias de Pernambuco e São Vicente). Capturado pelo inimigo, no litoral de Bertioga (São Paulo), passou nove meses refém dos índios Tupinambás. |...| Partindo de Bremen, na atual Alemanha, Hans Staden passou pelos Países Baixos e chegou a Portugal. De Portugal, partiu para a capitania de Pernambuco, onde chegou em 28 de Janeiro de 1548. A embarcação portuguesa em que estava tinha o objetivo principal de recolher pau-brasil (Caesalpinia echinata), mas também deveria combater quaisquer navios franceses que estivessem a negociar com os índios; assim como deveria transportar degredados de Portugal, remetidos para povoar a Colônia. O governador de Pernambuco, Duarte da Costa, que enfrentava uma revolta indígena na ocasião, pediu ajuda aos recém-chegados. Hans Staden e os demais rumaram para Igaraçu, próximo a Olinda, em um navio para auxiliar na luta. Igaraçu era, então, defendida por aproximadamente 120 pessoas; às quais se uniram os cerca de quarenta recém-chegados, incluindo Hans Staden. "Enfrentaram 8.000 indígenas. Depois de uma renhida luta e de um cerco prolongado no qual vieram a faltar provisões, os defensores conseguiram, afinal, vencer os indígenas". |...| De volta à Alemanha, Staden escreveu "História verdadeira e descrição..." (publicada originalmente em 1557, em Marburgo, Alemanha, por Andres Colben); um relato de suas viagens ao Brasil que se tornou um grande sucesso editorial da época -- O livro conheceu sucessivas edições, constituindo-se num sucesso editorial devido às suas ilustrações, descrições de rituais antropofágicos, animais, plantas e costumes exóticos. Para o estudioso, a obra contém informações de interesse antropológico, sociológico, linguístico e cultural sobre a vida, os costumes e as crenças dos indígenas do litoral brasileiro na primeira metade do século XVI.
Segundo a Brasiliana da Biblioteca Nacional, de 2001, "a sua influência no meio culto da época ajudou a criar, no imaginário europeu quinhentista, a ideia da terra brasílica como o país dos canibais, devido às ilustrações com cenas de antropofagia. Um clássico do Quinhentismo e da Historiografia colonial na "literatura informativa dos viajantes ou dos cronistas do Séc. XVI".