Vida útil

Vida útil é o sexto livro de poemas de Hélio Neri.

Dividido em quatro seções, o novo trabalho de Hélio Neri busca entender a complexa realidade que nos cerca. No prefácio à obra, o professor e poeta Carlos Augusto Lima aponta:

“O que cabe ao poema numa condição de colapso? Num país em colapso, numa vida obstruída e retida de movimento? O poema é luxo ou necessidade? O que pode a poesia, perguntavam-se como redundante e já enfadonho inquérito os instruídos, os homens letrados naquele ano da peste. Mas, veja: colocar a poesia num lugar de ação, de fazer, poder algo é obrigá-la, penso, a cumprir, sair de um lugar a outro, partir do ponto A e seguir até o ponto B, quando a poesia não possui esse mecanismo, essa operação para uma ‘vida útil’. A poesia apenas é. A poesia não se encaixa na condição da vida útil, plástica, atônita, mecanizada e doente, aparvalhada, muito menos como um estado de inutilidade. Pois a poesia apenas é e, se há algo de maquínico nela, é a sua linguagem, que aciona um registro precário no mundo, pois tudo nela, como o mundo que inventa é frágil e incógnita, nunca resposta, ação, operação, precisão, mas mínimo gesto. A linguagem assim é o sistema do poema, como os que aparecem aqui neste Vida útil, de Hélio Neri. Aliás, um título por si só um engano, um instrumento de ironia, armadilha e risco, já que aí, nesse caminho tortuoso é onde transcorre ou desaparece o poema.”

Literatura Brasileira / Poemas, poesias