Quando descobriu que seu filho caçula era gay, Edith Modesto procurou entender a homossexualidade antes de fazer qualquer julgamento. Professora universitária com vocação para o estudo minucioso e a escuta generosa, ela decidiu colher dezenas de entrevistas com homossexuais para saber, de suas próprias bocas, o que tinham a dizer sobre si. Vidas em Arco-Íris não é um livro com análises estatísticas ou conclusões categóricas acerca da homossexualidade. É um livro em que as vozes de gays e lésbicas, anônimos ou não, emergem com toda sua força, fragilidade, coerência, contradições e idiossincrasias, sem filtros. O caráter extremamente pessoal dos relatos aqui apresentados desperta a empatia do leitor. O foco sobre as particularidades ajuda a quebrar as generalizações estereotipadas sobre gays, lésbicas e bissexuais, tão cristalizadas em nossa sociedade. Edith Modesto, entre outras coisas, alcançou o que muitos repórteres de revistas e jornais buscam, mas não conseguem obter: depoimentos de pais que são homossexuais, bastidores de casamento entre pessoas do mesmo sexo e revelações de situações íntimas (não sexuais) intensamente emocionais. Ao final da leitura, ficamos com a sensação de que as vozes homossexuais, tão heterogêneas, encontram um registro comum num coro polifônico e claramente audível. O silêncio e a invisibilidade são, cada vez mais, coisas do passado. - Vange Leonel