Qualquer semelhança com pessoas ou fatos reais não é mera coincidência. Faz parte do método através do qual nós, antropólogos, investigamos 'o outro' - seja ele a tribo indígena, um grupo de militares, padres ou mesmo outros antropólogos. A antropologia sempre parte de um ponto de vista pessoal. Nos ensaios acadêmicos, procuramos traduzir esse ponto de vista para a linguagem genérica da análise científica. Mas aqui, ele vai permanecer pessoal, tomando a forma do conto, da crônica ou do roteiro de cinema. Se em algum episódio às vezes eu troco a primeira pessoa do singular pelo literário narrador onipresente, não é por exercício de prosa narrativa, mas pelo gosto de extravasar as fronteiras de mim mesmo.'
Não-ficção