Em Voo para onde vão as araras, Eduardo Guimarães compõe uma narrativa fragmentada e poética, de teor onírico, em que a passagem do tempo e as metamorfoses do corpo, tanto dos homens como dos animais, conduzem a novas experiências e percepções do mundo. Aqui, o mito e o rito encontram terreno instável do tempo humano, em um espaço alagadiço e corrente, desprovido de exotismos. Os seres, como as crianças de sol, os mosquitos, os sapos, a onça, a sucuri, os mamíferos, répteis, peixes e aves ganham existência própria, sem hierarquia ou perspectiva privilegiada. Nesse voo, a natureza é implacável, violenta e grandiosa, e mesmo os homens estão submetidos a ela, aprendendo com seus ciclos e seus acasos, procurando entender o que é memória e o que é vivência, tentando não sucumbir a seus próprios instintos. (Bruno Zeni)
Literatura Brasileira