Aproximando-se de completar oitenta anos, o levante paulista de 1932 avança o limite do tempo de vida de suas testemunhas e penetra candente os domínios da memória e da história. Incensado por muitos por seu suposto legado democrático, rechaçado por outros pela conjectural faceta politiqueira e “conservadora” que o perpassaria, 32 tornou-se mote das mais vivas disputas.
Neste livro, João Paulo Rodrigues investiga as bases de formação deste culto na década de trinta, lançando luzes sobre os embates travados entre o Governo Provisório de Getúlio Vargas e a burguesia paulista para definir o futuro do país, os quais encontraram na propaganda e no simbólico eficazes armas de combate.
Derrotadas nas trincheiras, as elites de São Paulo veriam na força da tradição o caminho para a redenção e a vitória na Constituinte de 1933/34. Narcisicamente responsável por outros feitos históricos de grande envergadura, São Paulo inaugurava, assim, a luta contra a ditadura no Brasil, feito digno de se juntar ao panteão secular paulista.