Em 25 anos de Polícia Civil, Gilson Marciano de Oliveira já investigou todo tipo de crime. Diante de corpos mutilados, empalados, decapitados, cremados, deparou-se com um inesgotável repertório de maldades. E presenciou, ele próprio, um sem-número de assassinos cair em sono profundo sem sequer cogitar arrependimento. Nunca aceitou a barbárie com a naturalidade comum nesse ofício e, longe das delegacias, decidiu dar cabo às dúvidas acerca dos motivos que levam o homem a agredir, ferir, matar. Assim nasceu o livro A Agressão Humana. Não se trata de obra moralista ou policialesca, convém dizer.
O intuito é desmistificar o modelo clássico das Ciências Sociais que, no entender de Steven Pinker – fonte primeira de consulta de Gilson –, está fundamentado em três mitos que forjaram o ideário de natureza humana. Pela ordem, o primeiro mito fala do fantasma da máquina, de René Descartes (1556-1650), que supõe existir em nossa mente um fantasma capaz de promover o livre-arbítrio; o segundo deriva da suposição de que a mente é uma tábula rasa ao nascermos, ideia de John Locke (1632-1704); o terceiro supõem que o convívio social degenera o homem, ideário fundamentado no bom selvagem de Jean-Jacques Rousseau (1712-1778).
Política / Sociologia