Esta história é marcada por influências de caráter psicoexistencialista, na linha francesa, ideias especificamente desenvolvidas por Simone de Beauvoir. O livro apresenta, narrado em primeira pessoa, os dilemas existenciais e afetivos de uma professora brasileira, independente, mestre em Letras, que dá aulas em uma universidade francesa.
O cotidiano da personagem é constituído de momentos solitários, enfatizados por cenários da França e suas cidades-noir, especialmente de dias frios e chuvosos, quando um café, flores e vinho, além da ópera e a companhia de um bom livro, fazem toda a diferença.
Ela mantém um relacionamento com um amante mais velho e casado, a quem encontra furtivamente em atividades acadêmicas, em algumas cidades da Europa. Embora seja uma intelectual com ideias contemporâneas, aceita esta relação pautada por velhos códigos, que impõem a submissão da mulher às conveniências do homem. O encontro com um aluno mais jovem a leva a questionar profundamente seu comportamento e abre espaço para transformações radicais na sua forma de encarar a vida.
A intenção da autora é conduzir o leitor, na forma quase de um diário, a uma reflexão sobre questões ainda tabus no universo do comportamento, tais como: dominação e poder – no que se refere à figura masculina – e passividade e masoquismo – no caso da figura feminina.