Alguns críticos dirão ser uma ousadia fazer a releitura de um conto de Machado de Assis. Mais que ousar mexer numa obra consagrada, Marcos Mairton refez A Cartomante em outro gênero, a literatura de cordel. O autor manteve a atmosfera da concepção original e trouxe para hoje uma história escrita no século XIX. Se fosse um cordelista comum, ficaria temeroso, e talvez não conseguisse ser original, e provavelmente ficasse engessado diante do modelo apresentado por Machado. Por outro lado, quem conhece a literatura de Machado de Assis, certamente terá curiosidade de ler A Cartomante em forma cordel.
Toda obra de arte, seja literatura, música, cinema ou teatro é uma obra aberta, sempre comporta novos olhares, diferentes perspectivas. A emoção do feirante que faz seu pregão de utilidades e bugigangas pode inspirar a melodia do flautista que encanta uma platéia no teatro. Machado em cordel ou Shakespeare em xilogravura tem a mesma função: Tocar olhos e corações e extrapolar os limites da arte.
Incluímos no final da versão em cordel o texto original que o inspirou.