Esta soberba evocação do “longo século XVI”, confinado entre a queda de Constantinopla e o começo da Guerra dos Trinta Anos, lembra, na sua paleta riquíssima de tons e nuances, um autêntico fresco renascentista. A um tempo abrangente e profundo, retrata uma profícua multiplicidade de temas, pessoas e ideias num estilo magnificamente puro, translúcido. São observadas as causas do Renascimento e as tendências que ele definiu para todo o continente: as alterações dramáticas que ocorreram no campo religioso, político, económico e das descobertas globais; as mudanças profundas na opinião pública relativamente a aspectos como as cidades, a violência, os mercadores, a educação, as utopias, a rotina diária de homens e mulheres no campo e na cidade, em terra e no mar. Também o florescimento das artes, o impulso intelectual e criativo merecem uma análise detalhada - são feitas descrições memoráveis da pintura, escultura, poesia, arquitectura e música. Mantém-se, até à última página, o mesmo espírito curioso e perspicaz, a mesma justeza dos comentários, a copiosidade dos pormenores, a clarividência das observações que tornam esta travessia elegante e espirituosa da Renascença europeia numa leitura encantadora e cativante, numa obra-prima que é o corolário de toda uma vida dedicada ao estudo e à investigação.